terça-feira, 22 de maio de 2012

Quando as estrelas se apagam

Esta não é mais uma carta de amor e tão pouco um conto de fadas com final feliz. Também não é um texto cheio de poesia e palavras fofas que animam o dia de quem o lê. Se você busca por algo bonito, romântico, doce, é melhor parar por aqui. Abro espaço neste momento servindo meu coração em bandeja, cheio de agulhas que deverão ser retiradas. Deixo as lágrimas rolarem porque elas são bem-vindas e necessárias. A hora de expurgar os fantasmas começa aqui.

Os números sempre estiveram presentes em todas as combinações, gratas e não gratas, de forma curiosa. Exatamente hoje, completam-se 2 anos de uma nova mentira, da informação que faltava para coroar o ato final de uma triste peça que entedia a quem assiste. Também hoje, faz 2 dias que eu recebi confirmações concretas de que todas as dúvidas e desconfianças eram verdadeiras. Somente agora eu soube que um relacionamento que durou 2 anos e que foi encerrado a 2 anos (também), foi o relacionamento de um só. 

No último fim de semana o destino se ocupou em arquitetar um encontro imprevisível e jamais cogitado. Volto ao passado, aos anos de 2008, 2009 e 2010. No primeiro ano eu conheci o que seria a minha maior alegria e o motivo de muitas das minhas lágrimas. No ano seguinte eu vivi intensamente tudo o que podia viver. Já no último dos anos citados, todos os traumas se inflaram de tal maneira que eu rezava para que a vida cessasse e me permitisse descansar. Já não era mais capaz de lutar, tinha deixado todo e qualquer sonho de lado, esse já não era mais o meu mundo.

Eu terminei um namoro não por falta de amor, mas por tê-lo em excesso, por gostar demais. A desconfiança foi o grande motivador de tudo. Me libertei dos medos e encarei o mundo inteiro de frente. Exibi em todos os lugares o quanto estava feliz e apaixonado. Mas nunca fui mostrado...


Durante anos me culpei achando que eu tinha sido rígido demais, que minhas desconfianças eram exageradas e que meus julgamentos foram os ácidos que corroeram a relação. Mas não. A expressão "irmão" sempre me assombrou, porque enquanto ele entoava a palavra, eu traduzia como "cardápio", seus desejos de consumo. O passado me mostrou que eu estava certo, eu sei. Já no primeiro teste de "irmandade" eu comprovei minha teoria. Passei por cima disso por amar demais. Veio o segundo teste, e eu enfrentei, gritei, esperneei... mas... novamente relevei. Muitos outros testes de confiança me diziam que o "irmão" era só uma parte, uma fatia do bolo devorado pouco a pouco ao longo dos dias, semanas e meses que seguiam.

Eu te apresentei aos meus amigos, aos meus colegas de classe, meus irmãos e irmãs de república, minha família, minhas intimidades, meu interior, meu eu como nunca alguém havia conhecido. Enquanto isso... você me manteve escondido.  Todo esse tempo eu me perguntei e me condenei por saber que eu havia lhe cobrado mudanças, eu queria ser visto, queria ser conhecido, queria que as pessoas soubessem de mim na mesma proporção que sabiam que você fazia parte da minha vida. Eu queria tanta coisa ><'

Hoje entendo que não foram as minhas cobranças que te afastaram. Eu não estava enganado quanto aos meus receios. Dezenas de vezes pensei que você não queria que eu fosse visto... agora sei que eu estava certo. A minha "existência" era contrária ao seu desejo de se manter livre e aproveitar todas as oportunidades que a vida poderia lhe oferecer. Levando o mundo como um grande cardápio de pessoas. 

Quantas vezes discutimos pelas minhas desconfianças? Quantas vezes você se defendeu negando meus argumentos, minhas informações, dizendo que eram apenas boatos ou intrigas sem fundamento? Quantas vezes chorei por saber que não conseguia confiar, mas que você estava certo, pois não haviam provas concretas, apenas palavras soltas que se desmanchavam no ar? Me julguei injusto e chorei muitas noites pensando que entre tantos casos, talvez, você fosse inocente. Açoitei meu coração nas madrugadas pensando no quanto havia torturado o teu, caso existisse de fato a sinceridade.

Durante os dois últimos anos não me perdoei pelas escolhas que fiz. Me culpei todos os dias pelo erro de abrir mão de um amor que não estava morto, e que queimava em alta intensidade. Quis o destino colocar no meu caminho um alguém que não constava em nossas listas de indagações. Agora sim eu sei que a expressão "irmão" era mesmo sinônimo de "cardápio", já que nem mesmo o mais fiel amigo escapou. "- Ele me dizia nossa como você é gostoso, ah se eu pego você" foi o relato mais duro de se ouvir, ainda mais quando o cálculo da data cruza com o período em que eramos oficialmente namorados.

Vou ao encontro dos amigos íntimos, aqueles que ficaram como herança da nossa história... desabafo. Todos sabiam, cada qual um ponto a mais que o outro. Guardaram tudo em segredo para poder me preservar, para não me machucar, tentando impedir que eu derrubasse mais lágrimas. Isso fez doer um pouco mais, pois o tempo inteiro ouvi "ele não quer assumir namoro porque não convém", "não apresenta oficialmente porque não quer perder as outras oportunidades", "da em cima de todo mundo mesmo estando com você" -- e o  burrinho aqui, discutia, brigava, as vezes até ameaçava, mas no fim, recuava e dava mais uma chance tentando entender. Busquei respostas pras minhas dúvidas e elas estavam o tempo todo me esbofeteando a face.

Antes de escrever fui procurar fotos na página onde nossas imagens estavam salvas e descobri que ela já não existe mais, foi "deletada pelo usuário". Apenas duas pessoas  possuíam a senha, e eu nunca a mudei. Doeu mais ainda pensar que tudo que eu tinha guardado com carinho, como recordação, já não existe mais, foi apagado sem a minha aprovação, sem considerar a minha opinião, o que eu sinto, o que representava para mim. Como se a vida fosse assim, um botão de "deletar" que apaga as coisas que não devem ser contadas.

Me culpei pelos julgamentos que fiz, mas ouvir de alguém "você estava certo" como um "estou aqui e sou a prova disso" doeu tanto quanto o Adeus de 2 anos atrás. São mais 2 anos dessa coleção de culpas e arrependimentos, mas quero escrever o ato final.

Eramos os gêmeos das meias, os caras dos "Taus", os poetas da entrelinhas, os observadores de estrelas... hoje não somos nada. As meias envelheceram e foram descartadas, os Taus se quebraram, e as estrelas... até mesmo as estrelas se apagam. Até 2 dias atrás eu queria vê-lo novamente para ao menos pedir desculpa por algum mal que eu tenha causado, por não ter sido compreensivo em algum momento que você talvez tenha precisado, por ter sido fraco e desistido. Agora não quero mais. Abri a lata do lixo e vomitei todas as boas e más lembranças que tinham ficado. Assim como você um dia usou o botão "deletar", me encarreguei de te expulsar de tudo que for meu, de tudo que me pertence.

"Quem mente também rouba... rouba o direito do outro de saber a verdade" 
[O caçador de Pipas]

Me sinto um milhão de vezes mais leve. Há dores que são necessárias para que a gente compreenda os caminhos pelos quais a vida nos guiou. Estou aqui falando de passado quando no presente tenho alguém que é um anjo (em traços de lobo) vindo dos céus. Nunca entendi porque havia encontrado alguém tão bom pra mim, nunca me achei merecedor. Neste exato momento eu sei que sou. E pensar que esse novo relacionamento tem o status de moderno é a menor das questões. Enfim...



Poderia não ter usado fotos, assim como me polpei de citar nomes. Mas não. Você está saindo do jeito que entrou... em fotos. Uma imagem veiculada de computador em computador. Não guardo mais mágoas porque já não guardo mais nada.

Hoje completam-se 4 meses que voltei a viver... e nessa nova vida só tem espaço pros sorrisos direcionados a quem merece-los.  

How to save a life -- Durante anos eu tentei salvar a vida de muitas pessoas, a sua vida, a nossa vida....  acabei esquecendo de salvar a minha. Estou fazendo isso daqui por diante... agora sei a importância que ela tem... a mim e a mais alguém ^^


Fecham-se as cortinas, o ato final chegou ao fim.


3 comentários:

  1. Jeff, a gente se cala pra tamanho sentimento. Parabéns por conseguir extirpar a erva daninha que impedia teu coração de florir. É sempre bom deixar que o sol entre, que o mofo saia e que a poeira seja tomada por aquele pano úmido, limpando tudo, sabe?

    Um beijo gostoso em você e que seja só alegria com esse novo alguém.

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    1. Você sempre doce nas palavras Celo. Obrigado pela compreensão, eu precisava disso... muitos podem pensar que é 'remoer o passado', mas só assim posso resolve-lo de uma vez por todas... Não há futuro sadio se o passado insistir em manter feridas abertas ^^

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