Entre, sente-se e fique a vontade. Não sinta vergonha, este é o nosso lugar, o nosso espaço, relaxe. Uma taça de vinho talvez possa ajudar, duas então, para que eu o acompanhe. Essa é a nossa noite, o nosso reencontro, o momento em que o mundo deixa de girar para que meus olhos não desviem dos seus um instante sequer. Toque a música que for, não ouço nada além das batidas que pulsam em teu peito. Não levante, não saia, fique parado, para que eu possa olhar você atentamente. Até que ponto isso tudo é meu? Qual parte de você me pertence? Estamos juntos? Unidos por quais metades?
Não faz sentido tantas velas, tem mais alguém aqui além de nós dois? O que será que você tanto observa? Olhe pra mim, estou falando e sua falta de atenção (notável) começa a incomodar. Meus olhos estão fixos aos seus movimentos. Consigo perceber suas dúbias indagações. O texto está sendo repetido, com partes alteradas, mas com conceito similar. Não gosto, não entendo o porquê disso. Não sei dividir, não quero e não busco esse aprendizado.
Mire seus olhos em mim, eu te peço. Deixe o barulho ao redor se calar. Não desconcentre, estou aqui para abraçá-lo sempre que preciso for. Já não consigo agarra-lo como antes, me confundo entre as razões. Estariam meus abraços mais frágeis? Ou será que você começou a esquivar-se? Fale comigo, me responda, não deixe as questões em aberto, não permita que nasça um ciúme desnecessário, nunca fui bom com inseguranças, nem medos ou receios. As trocas nunca deram certo comigo, tão pouco as divisões. Talvez esse seja meu karma existencial. O incrível dom de aproximar e afastar. Manter é um verbo difícil de conjugar no meu vocabulário e nem consigo reunir razões plausíveis que justifiquem tudo isso.
Ainda quero que fique, não quero que olhe em outra direção além do nosso caminho conjunto. Vá lá fora, passeie, converse com seus amigos, sinta o mundo e vento no rosto que tanto gosta. Mas volte, pois estarei aqui esperando com a taça na mão, tentando evitar que nosso vinho esquente. Meus abraços também estarão aqui e os olhos fixos, incansáveis, na busca pelos teus. Volte. Volte que eu estou aqui.Volte. Volte... e dessa vez.. fique.
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