Sublime

Apague as luzes da casa... deixe apenas a tela do computador iluminando a sala. Nada alcoólico, um suco de carambola lhe basta. A convite da noite, chegam lembranças que dançam no breu silencioso dos que não podem falar. Um jovem perdido e confuso rodopiando entre versos saudosos dos enigmas sentimentais. Não há realidade, não há provas, não há testemunhas, não há falas... nada haverá... sem novidades.

Não peça explicações que não virão, não questione, não brigue, nem mesmo tente decifrar os segredos que tangem esse noturno despertar. São só palavras presas ao peito que se manifestaram entre frases embaraçadas. Lapsos de um coração fatigado de emoções que se repelem.

Um amor... apenas um amor... sublime e inquietante. Multiplicador de sorrisos e lágrimas, razão do silêncio que aqui está. Um outro amor... segundo amor... compreensivo e tentador. O pecado social de amar em plural, amor simultâneo. Amor, amar, amando, amantes.

E as frases soltas circulam na sala, dançando de um lado a outro sem parar. Tons acelerados no revés de um corpo contido, ritmos que não obrigam a girar... mas giram. Um amor, outro amor, muito amor... quantos mais irão existir não se sabe ao certo. Mas ele sabe de qual amor se põe a falar, qual amado, qual amante. Trata-se daquele que faz o tudo parecer nada, que cala, comove e fustiga o peito.

Tal amor... calado... nada mais representa do que passado.